Se és um jovem lisboeta, é provável que a dada altura já tenhas sido barrado em algum sítio. Eu já tive a minha dose e sempre fui bastante tolerante em relação aos descarados e públicos exercícios de discriminação. Ok, há que desiquilibrar o equílibrio natural e controlar a razão macho/fêmea numa discoteca. Ok, há um público-alvo etabelecido e os ténis da bola não se devem intrometer num mar de velas. Ok, o porteiro está mal disposto e a tua cara simplesmente está no sítio errado à hora errada.Agora expliquem-me, por que razão económica-social-afectiva-emotiva, há-de alguém recusar a entrada no Casino de Lisboa a um rapaz que até podia estar de fato e gravata, mas se apresentasse umas havaianas já não poderia entrar no referido antro? às 5 da tarde? com 40 ºC na rua? em que é um crime contra a humanidade exigir a uma pessoa que ande calçada com mais do que umas tiras de borracha. E porque é que se eliminarmos o factor narço, outra pessoa, só pelo facto de ostentar um duplo XX lhe garante todo o conforto pedonal e uma entrada sem pestanejar?
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