terça-feira, abril 17, 2007

Obrigado Maria da Graça

Serve isto como prova electrónica de como não sou uma pessoa rancorosa.

Eu e a minha professora de Inglês do básico tínhamos um diferendo, ela era emocionalmente instável e detestava qualquer contestação à sua divina autoridade de educadora, eu achava que o direito divino não era suficiente. E assim andámos num pacto de regime em que eu ignorava as suas oscilações de humor e ela ignorava a minha avaliação destinando-me um cinzento "Satisfaz" independentemente da pobreza ou brilhantismo dos meus testes.

A senhora tinha métodos pedagógicos, digamos, singulares. Lembro-me por exemplo de sermos induzidos a aprender e a interpretar uma música de Natal da Mariah Carey.

Mas o que é verdadeiramente progressista e com toques de hiper-modernismo à Lipovetsky é o facto de maior parte dos seus testes andarem à volta de excertos do "The Secret Diary of Adrian Mole, Aged 13¾" da Sue Townsend, incentivando-nos ainda a ler as sequelas. E por isto estou eternamente grato, hoje a Sue é sem dúvida uma das minhas escritoras predilectas e não fosse esta apresentação prematura, haveria a possibilidade de nunca vir a entrar em contacto com a sua obra.

Ainda assim, tenho sérias reservas quanto ao facto de se leccionar este tipo de literatura aos catraios.

3 comentários:

Anónimo disse...

Cada qual tem o que merece..a tua professora teve um aluno cm tu e tu tiveste uma introdução "satisfaz" à Sue Townsend (para já n falar da música de Natal da Mariah Carey...)
P.S. - Há vídeos dessa altura???(lol)

Anónimo disse...

Incidentalmente também tive o azar de descobrir os segredos de Adrian Mole o que resultou em dois pensamentos independentes na minha mente - nessa altura ainda com os neurónios todos - : primeiro alguém tinha segredos mais ridículos que os meus e segundo à literatura infantil anglo-saxónica faltava a profundidade de um Saint-Exupéry ou mesmo dum H.C. Andersen.

Felizmente nos anos seguintes, o programa do ensino secundário sentenciava Ray Bradbury como a referência literária. Apercebi-me de que a minha Professora nutria um fascínio doentio pelo Ray Bradbury e de certo modo, confesso, também eu próprio começei a me deliciar com a sua fértil imaginação e a colonização humana de Marte.

Sónia Balacó disse...

Eu descobri o Adrian Mole à conta da biblioteca da minha escola, cuja colecção de títulos juvenis não primava pela extensão, e à conta das muitas visitas que lhe fiz. Li a colecção toda e adorei. Acho que isso se deve principalmente ao gozo proveniente da consciência de que é possível uma vida mais miserável do que a tua - os dramas da quasi-adolescência. Dar isso na escola é que me parece um disparate.

A mim o máximo que me aconteceu foi no 9º ano ter de fazer um trabalho acerca de um livro de poesia (próprio ou fornecido pelo professor, sendo que eu escolhi a última opção) e acabar um bocado chocada a ler António Botto...