Era o ínicio de Setembro, e o "Girl on the Bridge" veio parar à minha lista de filmes a ver porque gosto do Patrice Leconte e porque amo a Vanessa Paradis. O filme vale pela cena introdutória e pouco mais, em particular esta sequência que me perturbou tanto ao ponto de me dar ao trabalho de fazer o print screen de todas as frames legendadas.
Isto pode muito bem ser o retrato mais dramático do que eu acho ser o regime estacionário emocional do ser humano que é essencialmente o regime largamente dominante das nossas vidas. Passar um exame, chumbar um exame, levantar voo, um beijo, um sorriso especial, um golo do Benfica, um casamento, uma morte, um nascimento, uma viagem, um gelado da santini, o sexo, os toques os pequenos toques que só as raparigas sabem fazer... Tudo isto são excentricidades ou picos no nosso regime estacionário emocional.
E já toda a gente ouviu de uma alma mais velha que a felicidade está no caminho, não está no alcançar dos objectivos. E isto, embora verdade para mim, está terrivelmente incompleto. Há que torcer o caminho todo, polvilhar o plot do nosso regime estacionário emocional com milhões de excentricidades e saborosos picos.
Em Setembro eu percebia estes minutos da Paradis e trilhou-me os ossos. Já não percebo mais, e espero não voltar a perceber.
P.S.- Um abraço para o indivíduo grego que tem um vídeo no youtube com este mesmo excerto. Parecia-me bastante improvável, mas parece que há outro indivíduo no mundo que também não foi indiferente a este pedaço do filme.
1 comentário:
Não vi o Filme e muito menos entendo de linguas. Mas na tua crónica dá para ver que tratas de algo essencial que a humanidade esqueceu.
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